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TEPT e hospitalização

O ingresso em uma instituição hospitalar, ainda que disponha de recursos avançados e um rápido atendimento, pode gerar estresse para pacientes e familiares. No contexto de hospitalização, o paciente vive o rompimento de suas ligações afetivas com o mundo, ou seja, o convívio com familiares e pessoas próximas diminui consideravelmente. Familiares, muitas vezes, precisam modificar suas rotinas e vivem a apreensão de ter um parente hospitalizado. Neste sentido, é importante a valorização de um nível de intervenção que compreenda os aspectos psíquicos e sociais. Níveis elevados de estresse podem afetar o sistema imunológico do corpo e suas defesas naturais contra infecções e outras doenças.

Apesar disso, os efeitos do estresse podem ir além de seu impacto no organismo físico e na doença a ser tratada. Em estudos sobre os aspectos psicológicos das intervenções terapêuticas em unidades de terapia intensiva (UTIs) foi observada prevalência do Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT) variando em 17 e 30% em UTIs gerais. Tais diagnósticos estão relacionados tanto ao histórico prévio de psicopatologias como ansiedade e depressão quanto à memórias traumáticas ilusórias (sonhos ou delirium¹) ou geradas pela vivência de ameaça de morte neste ambiente.

Alguns estudos que abordam o desenvolvimento de TEPT no pós-UTI classificam as memórias em três tipos, a saber, memórias reais, memórias de sentimentos e memórias ilusórias. As primeiras são formadas pela experiência real de ameaça de morte vivida pelo paciente. As memórias de sentimentos dizem respeito aos registros cognitivos revestidos de conteúdo emocional relacionado à ameaça de vida. Por fim, as memórias ilusórias estão relacionadas aos sonhos, delírios e ao estado de hipnose produzido por drogas sedativas.


A experiência de estar internado em UTI pode ser, em muitos casos, vivida como uma situação de vida fora do controle, abrindo caminho para o medo e a impotência. A atenção ao desenvolvimento do TEPT neste contexto é fundamental para a prevenção e tratamento deste transtorno. Alguns estudos descrevem o uso de hidrocortisona para inibir o aparecimento de sintomas de TEPT. Intervenções cognitivo-comportamentais também podem ser realizadas. Há relatos do fornecimento de um manual educativo enviado aos pacientes após a alta hospitalar possibilitando o enfrentamento dos sintomas de ansiedade, depressão, TEPT entre outros. Estes procedimentos tem como objetivo prevenir e aliviar o sofrimento gerado pela experiência traumática. Além disso, aponta a necessidade de treinamento e capacitação dos profissionais de saúde no reconhecimento do TEPT e nas devidas intervenções.


Apesar dos recursos de prevenção oferecidos pelos hospitais, tais como os citados acima, pode ser necessário um acompanhamento profissional mais específico. Se você passou por um período de hospitalização e apresenta, desde então, os seguintes sintomas, procure ajuda. O Laboratório Integrado de Pesquisa em Estresse da UFRJ (LINPES – UFRJ) oferece tratamento gratuito para o TEPT. Saiba mais pelo telefone: 99656-4020.


¹ Alteração cognitiva definida por estado de confusão mental de início agudo, curso flutuante, distúrbios da consciência, atenção, orientação, memória, pensamento, percepção e comportamento. Condição comum entre pacientes hospitalizados e acomete, preferencialmente, pacientes idosos e debilitados.


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