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Transtorno de Estresse Pós-traumático e profissionais que atuam em situações de emergência

Qualquer indivíduo pode passar, ao longo de sua vida, por situações de emergência, tais como acidentes, incêndios, enchentes, desmoronamentos, quadros de saúde que necessitam de atendimento imediato, entre outros. No entanto, algumas profissões, como bombeiros, policiais, profissionais da área da saúde que atuam em emergências e equipes de salvamento ou resgate são mais expostas a eventos desse tipo, confrontando-se com a imprevisibilidade e o risco tanto de suas próprias vidas quanto de outros. Esses profissionais ocupam importantes funções na sociedade e, muitas vezes, são vistos como heróis por arriscarem suas vidas em prol da população. Além da exposição a situações de risco, estes profissionais realizam atendimentos que exigem respostas imediatas, domínio de conhecimento técnico e uso adequado dos recursos, o que agrega alta carga de estresse à prática profissional.


Neste contexto, é importante mencionar que a exposição frequente a situações de emergência e estresse extremo no exercício dessas profissões caracteriza-os como um grupo de risco para o desenvolvimento do Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT). Este transtorno implica vivenciar, testemunhar ou ser confrontado com a morte, ferimentos graves, ou ameaça à integridade física própria ou de outros, acompanhada da reação de medo, horror ou impotência. Pesquisas mostram que, enquanto esse transtorno afeta cerca de 2 a 11,2% da população geral, entre equipes de resgate a prevalência varia de 0,9 a 46%. Tais profissionais podem se tornar vítimas primárias do TEPT – quando há ameaça à própria vida – ou vítimas secundárias – quando testemunham sofrimento e morte de outros.


Os sintomas mais comuns do TEPT podem ser divididos em três grupos: 1) revivescência do evento traumático através de pesadelos ou flashbacks; 2) evitação de pensamentos e sentimentos relacionados ao trauma, assim como lugares ou qualquer estímulo que ative a memória traumática; 3) excitabilidade aumentada, sobressaltos e hipervigilância. Os sintomas devem estar presentes por, no mínimo, 1 mês e trazer sofrimento significativo e prejuízo no funcionamento social e ocupacional do indivíduo. O TEPT pode ser incapacitante e trazer inúmeros prejuízos à vida do indivíduo, como o afastamento do trabalho até a impossibilidade de realização de tarefas simples do dia a dia em decorrência dos sintomas. Em profissionais cuja rotina de trabalho está diretamente relacionada com situações de risco, é clara a influência do transtorno na vida profissional deles.


No entanto, é importante ressaltar que trabalhar em contextos de emergência e risco não é determinante para o desenvolvimento do TEPT. As interpretações do evento traumático, a existência de apoio social e a resiliência do indivíduo são essenciais para o desenvolvimento ou não do transtorno. Também, os aspectos relacionados ao contexto de trabalho, variáveis individuais e o grau de exposição ao evento traumático podem ser considerados fatores de risco para o TEPT e responsáveis pelas diferentes dimensões do transtorno.


Tais dados revelam a importância da atenção à saúde mental desses profissionais. É preciso que tanto os profissionais quanto seus familiares e pessoas próximas estejam atentos aos sinais do TEPT de modo que possibilitem o acesso ao tratamento adequado.


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