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Parto traumático e TEPT no pós- parto



O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é reconhecido desde 1980, mas, foi apenas em 1994, que os critérios diagnósticos do evento traumático passaram a ser mais abrangentes, havendo uma maior valorização da percepção e resposta do indivíduo ao evento do que a natureza do acontecimento em si. Com essa ampliação do conceito de evento traumático, eventos relacionados ao parto passaram a ser reconhecidos como traumáticos e o desenvolvimento do TEPT como consequência do parto pôde ser melhor diagnosticado.

Algumas mulheres ao vivenciarem partos dolorosos, partos com procedimentos obstétricos de urgência ou com assistência inadequada da equipe de saúde, e complicações obstétricas ou neonatais, podem experimentar medo intenso de morrer ou medo da morte do bebê, dor forte e prolongada, sentimento de tristeza profunda, desamparo e perda de controle, desenvolvendo TEPT. Além disso, aquelas que tiveram bebê prematuro, bebê que necessitou de internação em unidade de terapia intensiva ou que tinha algum comprometimento de saúde, também podem desenvolver tal transtorno. Após a vivência dessas situações, no período pós-parto, essas mulheres passam a apresentar recordações aflitivas do parto por meio de imagens, ideias, sonhos ou emoções, comportamentos de esquiva de tudo que a faz lembrar da experiência traumática como pessoas, conversas e pensamentos sobre o evento, entorpecimento afetivo e hiperexcitabilidade.

É comum aos profissionais de saúde o reconhecimento do parto traumático como aquele que tem como consequência dores ou complicações físicas para a mulher ou para o recém-nascido, mas ainda é pouco conhecido que o parto pode ser um evento psiquicamente traumático para a mulher, proporcionando tais sintomas. Mesmo um parto considerado pela equipe de saúde rotineiro e normal pode ser para algumas mulheres um parto traumático. Está relacionado a essa situação perceber durante o trabalho de parto ou durante o momento do parto a assistência da equipe de saúde como inadequada, despreparada, fria ou sem empatia; ter falta de informação quanto ao procedimento ao qual está sendo submetida; ter falta de suporte e carinho no período pós-parto; a percepção do parto como uma violência, tortura ou abuso; sentir-se paralisada, destacada do corpo e sem sentimentos; e sofrer alguma experiência humilhante.

O parto traumático pode trazer outras consequências negativas à vida da mulher para além do transtorno. Ela pode sofrer desapontamento e perder o sonho que foi construído durante a gestação para o momento do parto, alterar o planejamento familiar decidindo não engravidar mais e se responsabilizar pelo ocorrido, sentindo-se incapaz e inadequada. São comuns ainda prejuízos na vida conjugal e na relação afetiva com o recém-nascido.

A partir disso, é importante pensar em medidas para que os profissionais de saúde possam conhecer melhor a respeito do parto traumático. É necessário que haja profissionais que possam abordar esse assunto com a mulher, proporcionando envolvimento entre esta e a equipe em geral, empatia e segurança. Durante o parto, deve haver uma boa comunicação entre a parturiente e a equipe de saúde, assim como uma boa comunição entre os profissionais, e o controle da dor deve ser otimizado. Após o parto, a equipe deve estar apta para encorajar a mulher a falar da sua experiência do parto e pesquisar sinais de transtornos afetivos.


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