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Um caso de TEPT: violência urbana

  • tepteviolenciaurba
  • 10 de set. de 2015
  • 2 min de leitura

F., sexo masculino, 26 anos, morador de Niterói, solteiro, recém-formado em Administração e católico.

Há oito meses, F. e M., sua namorada, após saírem de uma festa de despedida de um de seus amigos às 3:00 em um bairro de Niterói, foram surpreendidos por bandidos que apontavam armas em direção ao carro de F. ameaçando atirar no carro caso eles tentassem fugir. Ao saírem do carro, F. foi agredido fisicamente por alguns dos bandidos enquanto M. era ameaçada de morte caso reagisse. Após alguns minutos de tortura nas mãos dos bandidos, F. e M. foram liberados e tiveram o carro roubado com tudo que estava dentro. Sem celular, tiveram que caminhar até o local da festa para conseguir ajuda.

Nos dias subsequentes, F. encontrou grandes dificuldades em sair de casa, apresentando um medo intenso, tremores, palpitações, calafrio e mãos suadas. Começou a se assustar muito facilmente com qualquer barulho e achar que algo ruim poderia acontecer a qualquer momento. Não conseguia mais dirigir, ver filmes de guerra e noticiários sobre violência. Não gostava de falar sobre o que aconteceu e sentia como se o assalto estivesse acontecendo novamente quando o faziam lembrar. Quando isso acontecia, experimentava um sofrimento psicológico intenso, angústia e dor. Sonhava com o assalto quase que quatro vezes por semana, acordando assustado, suado, com falta de ar e coração acelerado. Sentia-se culpado pelo o que aconteceu, inseguro e dizia que o mundo é perigoso. Encontrava-se desanimado, sem perspectiva para o futuro, sem vontade de ver os amigos e desinteressado nas coisas que antes eram prazerosas como jogar futebol e vídeo game. Apresentava insônia, dificuldade de concentração e crises de choro.

Veio ao nosso ambulatório há seis meses por indicação de um familiar que conheceu nosso grupo de pesquisa pela internet. Desde então, tem sido acompanhado pela equipe de psiquiatria e psicologia do LINPES.

A terapia em TCC (Terapia Cognitivo- Comportamental) o ajudou a entender o que aconteceu com ele após o assalto, o que o deixou constantemente com medo, a identificar pensamentos automáticos disfuncionais relacionados ao trauma e a modificação destes criando pensamentos alternativos mais racionais, mudando assim, a forma como ele se sente e se comporta diante tudo aquilo que o traz medo. Além de aprender sobre Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e seus sintomas e reações comuns, F. aprendeu ferramentas para processar a experiência traumática, elaborar, organizar e controlar a memória do assalto e, com isso, reduzir os sintomas de ansiedade, angústia e medo que ele tem sentido. Aprendeu que o mundo não é totalmente perigoso, podendo diferenciar possíveis situações de risco daquelas que não trazem risco algum, e que não há motivos para se sentir culpado uma vez que não seria possível prever um assalto e não reagir a ele é sempre a melhor opção.

Assim como F., existem muitas vítimas de violência no Rio de Janeiro. Caso tenha se identificado com a história de F. ou conheça alguém que tenha passado por uma situação semelhante e tenha apresentado reações parecidas, ligue para 996564020 ou mande um email para tepteviolenciaurbana@gmail.com. Ajude-nos também divulgando nossa página do facebook!


 
 
 

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