Situações e lembranças que parecem perigosas, mas que na realidade não são.
- tepteviolenciaurba
- 2 de mai. de 2015
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O Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT) pode ser desenvolvido quando a pessoa vivencia, testemunha, ou sabe que um evento traumático aconteceu com um familiar ou amigo próximos, ou por quem é exposto diversas vezes a detalhes aversivos de eventos traumáticos (Ex: bombeiros, policiais, médicos que trabalham com ferimentos graves ou recolhendo restos humanos).
O tratamento para TEPT oferecido no Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB) envolve o tratamento medicamentoso e a psicoterapia Cognitivo-Comportamental. Esta última utiliza estratégias de co-terapia.
A co-terapia vem sendo usada como aliada a terapia principal, e, juntas, elas tem mostrado um ótimo resultado no tratamento do TEPT. A co-terapia realizada pela equipe do IPUB é feita através de uma técnica da TCC conhecida como terapia de exposição. Esta técnica, leva à elaboração de experiência vivida pelo paciente, auxiliando em vários dos problemas apresentados pelos pacientes, como a evitação.
Mas o que tudo isso quer dizer?
Isso quer dizer que pacientes com TEPT evitam de várias formas se expor a situações que lembram o trauma vivenciado, e cada vez que eles evitam, confirmam para si mesmos que a situação é perigosa e precisa ser evitada, montando assim um ciclo vicioso, levando a pessoa a não fazer mais nada que possa lhe trazer lembranças do trauma.
Na co-terapia, o terapeuta vai ajudar o paciente a enfrentar essas situações aversivas a que ele não consegue mais se expor, de maneira gradual. Terapeuta e paciente irão ter sessões nos locais indicados pelo paciente que lembram o trauma. Por exemplo, com uma pessoa que não consegue mais andar de ônibus, devido a um acidente que sofreu, nós iremos ajuda-lo a enfrentar o seu medo e voltar a andar de ônibus como fazia antes.
Mas como assim? Vocês irão colocar a pessoa na situação que ela mais teme?
Sim! Porém, tudo isso será feito de forma lenta, progressiva e tolerável pelo paciente. Essa é apenas uma das técnicas. Muitas outras estarão sendo utilizadas simultaneamente para que ele possa identificar, avaliar e modificar suas crenças disfuncionais e ser exposto a situações e lembranças por ele evitadas por considerar que são perigosas, mas que na realidade não são.
Como no exemplo acima, o paciente que tem medo de andar de ônibus será exposto ao mesmo lentamente, seguindo um cronograma que será montado junto com o terapeuta, onde eles colocarão em ordem o que é mais fácil realizar até chegar ao mais difícil. Cada paciente vai registrar como aversivo uma dada, e esse registro dependerá da sua percepção da situação. O paciente do exemplo pode colocar como tarefa mais fácil andar no ônibus amarelo, pois o acidente foi no ônibus azul. Então iremos primeiro ajuda-lo a se habituar ao ônibus amarelo para depois tentar andar no ônibus azul. Ele também pode preferir andar de ônibus em dias ensolarados, pois o trauma foi num dia chuvoso, então iremos trabalhar primeiro em dias ensolarados, após ele conseguir tal feito passaremos para dias com chuva, e assim sucessivamente. Sempre devagar, etapa por etapa, e seguindo a lista criada junto com o paciente.
A Terapia de exposição não será uma tarefa fácil, será um trabalho árduo, onde o paciente vai ter momentos de intenso medo, alta ansiedade e vontade de abandonar, pois durante a exposição ele terá que entrar em contato com os seus medos.
Mas então, isso tudo vale a pena?
Vale sim! E muito! Pois a cada nova etapa da co-terapia que é conquistada, ele desconfirma que suas lembranças e situações são perigosas, voltando a fazer o que fazia antes, eliminando assim aquele ciclo vicioso. A experiência no IPUB tem nos mostrado ótimos resultados, com pacientes mais felizes, confiantes e satisfeitos por poderem retomar as rédeas de sua vida.
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