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X-men Origins: Logan e seu estresse pós-trauma

  • tepteviolenciaurba
  • 29 de jan. de 2015
  • 3 min de leitura

No filme "X-men Origins: Wolverine" é contada a história de James Howlett, o Wolverine, desde sua infância no Canadá de 1845 até os tempos atuais. James descobre seus poderes quando criança, na fatídica noite em que seu pai de criação é assassinado por seu pai biológico. James, que não conhecia seu pai biológico, é repentinamente tomado por raiva e agressividade incontroláveis, e, colocando suas garras retráteis para fora pela primeira vez, mata seu pai biológico. Presenciando a cena estava sua mãe, que o deserdou no ato. Seu filho havia se tornado uma “aberração”.

Este episódio é apenas uma gota num oceano de eventos traumáticos que daquele momento em diante viriam a inundar a longa vida do anti-herói imortal da Marvel.

James e seu meio-irmão também mutante, Victor, compreendendo suas naturezas ultraviolentas, resolvem canalizar estas lutando em diversas guerras como a civil americana, a guerra do Vietnã e ambas as guerras mundiais.

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O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é um diagnóstico muito comum entre veteranos de guerra e não é difícil de entender o porquê. Imagine como deve ser ter em suas mãos o sangue de vários homens que na verdade foram forçados a estar ali. Homens inocentes apenas se defendendo; pais de família. Imagine presenciar seu amigo morrer ao seu lado ou então ter alguma parte de seu corpo mutilada em combate.

Agora imagine participar não de uma, mas de várias guerras com incontáveis momentos como estes em cada uma delas. Wolverine matou centenas de homens, além de ter passado por situações como a de ter sua pele sendo derretida após uma explosão, e a de ser “executado” (fora executado, mas não morreu por possuir poderes de regeneração).

Victor, um óbvio sociopata, não sente remorso algum, e sim prazer em cometer suas atrocidades. Seu irmão mais novo, por outro lado, apesar da natureza também ultraviolenta, é bastante empático, sensível e ciente da monstruosidade de seus atos. Esta sensibilidade torna-o ainda mais suscetível a desenvolver sintomas de estresse pós-trauma.

Não é possível diagnosticar Wolverine com TEPT com as informações fornecidas no filme. James aparenta estar muito “bem preservado”; seu quadro não é incapacitante como a maioria dos casos de TEPT (mas também temos que lembrar de que se trata de um mutante super-resistente, e não de um ser humano comum). Contudo, são apresentados no filme sintomas de revivescência, que são exemplos perfeitos do que acontece com uma pessoa com este transtorno.

James, não aguentando mais os horrores da guerra, agora é Logan, um lenhador que vive uma vida pacata com sua amada Kayla, mas é assombrado por fantasmas do passado. Logan tem constantes pesadelos com todas as guerras nas quais lutou. Acorda abruptamente, agitado, suado e com as garras de fora; pronto para o combate. Os sintomas de revivescência do TEPT se caracterizam exatamente por esta “sensação de estar tudo acontecendo novamente”.

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Ainda no mesmo filme, temos a cena na qual o esqueleto de Logan é substituído por Adamantium, um metal praticamente indestrutível, num procedimento de laboratório extremamente arriscado. Ele teria de passar por uma dor insuportável, muito superior a qualquer outra que já tivesse experienciado no passado, sem morrer. Ao longo do procedimento, Logan sente uma dor tão forte que seu organismo a associa a traumas passados (sensação de estar acontecendo novamente) e faz com que ele tenha flashbacks (como filmes invadindo sua cabeça, enquanto acordado) de vários destes momentos dolorosos para ele, desde a morte de seu pai, passando pelas guerras, até o recente assassinato de Kayla.

A história de Logan é uma bela obra de ficção que nos ajuda a ilustrar questões do TEPT, mas no mundo real, onde as pessoas não são mutantes imortais, não é necessário que um indivíduo passe por trinta guerras para que tenha sintomas de estresse pós-trauma.

Vivemos em uma nação em relativa paz com as outras, logo, a imensa maioria dos casos de TEPT não são de militares, e sim de vítimas de violência urbana, como assaltos, sequestros ou estupros. Pessoas comuns como eu e você que, devido a um evento traumático, estão vivendo vidas extremamente limitadas e com muito sofrimento por serem “perseguidas” pela memória do trauma.




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